#Boyhood ou "Sobrevivendo aos momentos da vida"...
QUEM NÃO VIU O FILME, ATENÇÃO! SPOILERS!
“Boyhood” é um daqueles filmes que vai te seduzindo ao poucos, te envolvendo aos poucos, e, quando você percebe que o mesmo já está acabando, deseja que não o acontecesse. Filmado ao longo de 12 anos, o filme tem como mote principal mostrar a transformação de uma criança em um jovem adulto, porém, vai além disso. Mostra a evolução não só desse garoto mas também da sua família (mãe, pai e irmã).
O que mais me deixou encantado com o filme foi o fato das personagens enfrentarem problemas comuns do cotidiano. Poderia ser uma história minha, sua, de um amigo, conhecido...
Ao observamos as crianças, vemos, por exemplo, que o protagonista Mason, em sua evolução, seguiu uma linha mais “reta”. De garoto retraído, pensativo e observador, tornou-se um aspirante a fotografo que tem reflexões muito legais sobre a vida, que a namorada o chama de “estranho” mas que eu, por exemplo, adoraria tê-lo como amigo. Sua irmã, por outro lado, de pré-adolescente que canta “Oops... I did it again!” da Britney Spears se torna uma universitária que bebe cerveja em um bar com sinuca. Tanto Mason como Sam (sua irmã) foram se “moldando” de acordo com o que ia acontecendo ao redor deles.
Se observarmos os adultos, acredito, a história é um pouco diferente. Os pais de Mason e Sam começam o filme com uma aparente recém chegada a vida adulta. Ao longo do filme se tornam resultados de suas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Devo dizer que a Patricia Arquette e o Ethan Hawke estão com performances muito especiais aqui. É aparente que notaram a sensibilidade do projeto e a entrega de ambos é visível, principalmente nas cenas com os atores menores, com pouca experiência.
Voltando as personagens, ao fim do filme é importante notar: os filhos chegaram ao ponto que os pais estavam no início do filme. A partir de agora serão resultados das escolhas que tomarão. Já os pais, principalmente a mãe, terão que se reinventar e descobrir um novo caminho a seguir. O momento em que Sam está saindo para a faculdade e sua mãe cai em prantos achei extremamente emocionante. “Só achei que haveria mais” diz ela. Acho que após uma “linha de chegada” que delineamos em nossa cabeça sempre nos perguntamos a mesma coisa.
Essa é a grande sacada desse filme: sua extrema humanidade. Sua extrema realidade sem ser dramática ou glamourizada. Uma sequência de momentos que sobrevivemos, aprendemos e seguimos vivendo.
PRA FECHAR
Já divaguei muito, né? Quero só acrescentar mais duas coisas que me chamaram a atenção no filme e que gostei muito:
- As épocas são muito bem marcadas, não só pelas rugas, barbas, cabelos dos atores mas pelos objetos que estão inseridos no dia-a-dia deles. Seja uma TV do início dos anos 2000 a um Game Boy ou um modelo antigo do iPod.
- As músicas, além de muito legais, também ajudam muito a definir os personagens e é bastante eclética. Mais pontos pro filme.
BÔNUS
Entrevista muito legal com o elenco:
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