#Birdman: o falso plano sequência mais legal dos últimos tempos!


*Se liga! Tem spoiler!

Considerando os filmes anteriores do diretor Alejandro González Iñárritu, é bem interessante assistir a #Birdman. Sai boa parte da carga dramática, da coisa de se levar muito a sério e entra um filme que, mesmo tendo um protagonista dramático, é repleto de humor e ironias.

Riggan (Michael Keaton) é um ator conhecido por protagonizar uma franquia de filmes de super-herói (O tal #Birdman do título), porém, agora, tenta se firmar e auto-afirmar como artista ao dirigir, escrever e atuar em uma peça na Broadway. Um dos pontos legais do filme é como, nessa busca do protagonista, a reflexão sobre cinema, artistas, celebridades, arte, etc. é ampliada e apresentada. A relação entre diretor/ator, a briga de egos, a realização do sonho de finalmente estar em uma peça, além de citações (muito bem humoradas) de pessoas reais fazem de #Birdman um filme metalinguístico bem interessante e engraçado (sem ser ofensivo).

Por se tratar de uma montagem de uma peça, tudo que gira em torno disso e ainda fazer uma reflexão metalinguística, #Birdman me lembrou a minissérie #SomeFúria que a Globo exibiu em 2009. Adaptação de uma série canadense, aqui no Brasil teve direção geral do Fernando Meirelles. São várias as semelhanças, inclusive, no filme, em determinado ponto, Riggan está andando pela rua e um artista de rua está citando Shakespeare: “A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que não significa nada...”. Pra quem viu a série, sabe que Shakespeare era quase um personagem no programa da Globo.

Mas #Birdman não para por aí. Riggan, como já disse, está passando por um processo de transformação. Ele deixou o certo (Continuar estrelando os filmes da franquia #Birdman), pelo duvidoso (Montar a peça). Sua consciência é representada algumas vezes pela voz do próprio #Birdman (e em determinado momento pela figura propriamente dita do personagem). E é aí que entra mais uma sacada muito boa do Iñárritu, agora, com a incrível colaboração do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki e sua equipe. O personagem é cercado por uma crise interna durante todo o filme, assim também como sua consciência/voz (como disse antes) em momentos chave. Esse conflito é representado por uma câmera que navega pelos personagens, um verdadeiro pássaro voado por entre aquelas pessoas. É realmente admirável o modo como foi filmado.

E é admirável não só pelo “conceito”, que tentei explicar no parágrafo anterior, mas também pela técnica. Você já deve ter visto em algum lugar que o filme é todo um “falso plano sequência”. Mas que plano sequência falso mais GENIAL! É muito claro que tudo foi milimetricamente planejado e calculado. As “entradas” e “saídas” de cena, as pausas, a músicas em off, que, de repente, percebemos fazer parte da cena, a marcação dos atores, enfim... Uma orquestra em grande sintonia que, com certeza, foi sendo feita, já se pensando no resultado final. Ponto pra Iñárritu que soube ser um ótimo maestro. O que dizer, por exemplo, da cena de Riggan andando de cueca pela Times Square? Maravilhosa!

Ainda sobre a questão “plano sequência”, sempre tem um chato que fica procurando um “Onde teve o corte?”, “Ali foi o corte!”, “Olha, o figurante passou na frente da câmera, ali teve corte!”. Fui um desses e digo: não é preciso ser muito esperto pra sacar onde uma cena foi “colada” na outra, mas a questão aqui é como isso foi feito tão bem! Notei apenas uma diferença de continuidade em um desses cortes envolvendo a Naomi Watts, mas, quem se importa? Não muda o resultado do filme como um todo.

Não bastasse todas essas coisas legais que já disse, #Birdman ainda têm um elenco incrível. Começando pelo certeiro Michael Keaton que se entregou completamente e totalmente (ou parcialmente) despido de qualquer vaidade. Passando pelo incrível Edward Norton e a inspirada Emma Stone. Além de Naomi Watts, Zach Galifianakis e Lindsay Duncan em participações incríveis e, por fim, todo o elenco afinadíssimo. Bonito de ver.

Filmão! Corre, aliás...! VOA pra ver!