#Mom T01: Rir pra não chorar
A primeira vista #Mom pode parecer apenas mais uma clássica sitcom americana, e de certa forma realmente é, mas se olharmos por outro ponto de vista, a série tem um frescor muito interessante: faz graça de situações completamente dramáticas e que poucas vezes se ousa ver o lado engraçado.
Christy é mãe de dois. Um garotinho e uma adolescente. A noite trabalha como garçonete em um restaurante e durante o dia se vira para cuidar da casa e ainda tentar ser o que julga ser uma boa mãe. Acontece que, além disso tudo, Christy também é uma alcoólatra em recuperação. Em uma reunião do AA, Christy acaba dando de cara com Bonnie, sua mãe, também alcoólatra em recuperação e a pessoa que Christy culpa pela maioria dos seus problemas. Lendo essa descrição fica difícil achar que você vai achar graça de alguma coisa correto? Errado.
A maioria das piadas de #Mom tem como base a desgraça de seus personagens. Como quando Christy diz que enquanto as mães das suas amiguinhas estavam cozinhando (“Cooking”) alguma comidinha de mãe pra elas, Bonnie estava “cooking meth” (preparando metanfetamina). Muita vezes chegam a ser piadas cruéis. Me peguei pensando algumas vezes durante a temporada: “Putz! Como posso estar rindo disso?”. Mesmo não sendo explícita em relação a “moral da história”, #Mom carrega isso na sua essência e talvez, exatamente isso, seja o melhor da série. O fato dos personagens rirem e fazerem rir das suas próprias desventuras do passado e mesmo assim continuar seguindo em frente.
Uma boa premissa, porém, ao mesmo tempo bem arriscada para uma série. As protagonistas estão em recuperação e quando nos apegamos a elas não queremos que as mesmas tenham recaídas. Por outro lado, o texto não vai conseguir se sustentar por muito tempo “vivendo” do passado das personagens. Pra quem já viu sabe que a série tem outras armas para tentar fugir disso, porém, graças a força das duas personagens principais e também ao carisma das atrizes, muito provavelmente os coadjuvantes não despertem tanto a atenção quanto elas. Por coadjuvantes digo, por exemplo, a filha adolescente e o namorado sem noção, o ex de Christy e pai do seu caçula, os personagens das reuniões do AA (os que já apareceram e os que podem aparecer), o pai de Christy e por aí vai...
A grande questão é fazer com que o texto não vire um rocambole e consiga evoluir, despertando interesse no que de novo pode acontecer na vida dessas personagens nessa nova fase que estão vivendo. O fato é que nessa 1ª temporada o plot se sustentou muito bem. A favor, como já disse antes, existe o carisma das atrizes principais, Anna Faris e Alisson Janney , respectivamente, Christy e Bonnie. Faris, correta no papel, escorrega quando se esforça muito para ser engraçada nas piadas “corporais”. Já Janney, um primor. Incorrigível. Ainda como destaque do elenco nessa 1ª temporada, a participação da ótima Octavia Spencer (Do filme #HistóriasCruzadas). Engraçadíssima e fazendo bela dobradinha com Janney.