Uma overdose de referências e homenagens chamada #AsCaçaFantasmas
Você provavelmente já viu ou no mínimo (por favor né?) já ouviu falar do filme #OsCaçaFantasmas. Passou trocentas milhões de vezes na Sessão da Tarde, tem uma música tema que é quase um personagem e marcou a infância/adolescência (ou vida mesmo) de várias pessoas. Fato é que resolveram fazer uma nova versão (nossa! que novidade!) e dessa vez com mulheres como protagonistas.
Por um momento vamos ignorar toda a polêmica e comentários sexistas bem desnecessários que rolaram pelo fato dessa nova versão ser protagonizada por mulheres e focar no que importa: o filme. Erin trabalha numa faculdade e está construindo sua carreira acadêmica até que um livro que ela escreveu no passado com sua amiga Abby sobre a existência (real) de fantasmas surge das cinzas. Querendo preservar sua carreira "séria", já que ninguém acreditava em nada que estava no livro, Erin procura Abby pra tirar tudo da internet. Elas só não imaginavam que nesse encontro iam ser surpreendidas com fantasmas reais e finalmente poderiam comprovar que tudo que tinham escrito era verdade. Esse é o plot inicial do filme que na sua primeira parte se mostra esforçado em divertir o espectador mas que do meio pro fim, principalmente na sua parte final, enrolado em suas inúmeras referências ao filme original e aos filmes da época do mesmo, acaba se perdendo.
No início do filme já sentimos a pegada dos filmes dos anos 80. Da cores escolhidas, o cenários, o clima estabelecido, a fotografia e a música que acompanha cada ação. Até determinado momento isso funciona, você pensa: "nossa! parece que tô vendo um filme antigo só que uma qualidade de imagem e som muito mais legal!". Até que a merda acontece e todo essa nostalgia fica chata, afinal de contas, mesmo curtindo a nostalgia, um sopro de novidade é sempre bom. Esse sopro, creio eu, na intenção das cabeças por trás do filme, seria as mulheres protagonizando, porém, não basta colocar três talentosas e engraçadas atrizes na linha de frente se o roteiro não segurar todo o filme. E, infelizmente, é isso que acontece. Algumas piadas funcionam, verdade. Mas o filme tem vários tapa buracos, principalmente (e os que mais me incomodaram) relacionados a personagem Jillian. Precisava gastar tanto tempo pra que elas explicasse cada equipamento que ela criou para capturar fantasmas tão detalhadamente com termos específicos (será?) que ninguém se importa ou presta atenção?
Kristen Wiig (Erin) e Melissa McCarthy (Abby) são hilárias mas nesse filme não são o destaque. Wiig está bem e McCarthy arranca umas gargalhadas mas quem chama a atenção mesmo é Kate McKinnon como a tresloucada Jillian e Leslie Jones como a única não cientista mas a mais realista de todas. Ela inclusive, acredito, tem as melhores tiradas e piadas do filme. Ótima. Temos ainda Chris Hemsworth (O Thor) como Kevin, um personagem bem caricato mas que o ator soube defender muito bem, sem apelar e com um ótimo timming cômico. A cereja no bolo em relação ao elenco de #AsCaçaFantasmas está com a participação de vários atores do filme original, o que seria lindo se não fosse só mais um referência ao primeiro filme mas que não acrescenta em nada para a história desse.
Paul Feig é um bom diretor de comédias e comediantes (#ProfessoraSemClasse, #MissãoMadrinhaDeCasamento, #AsBemArmadas e #AEspiãQueSabiaDeMenos) e aqui temos essa comprovação como na cena da entrevista de emprego de Kevin, onde a improvisação do elenco é utilizada sem exageros mas peca nas cenas de ação como as exaustivas cenas de conclusão de #AsCaçaFantasmas. Por fim é um filme que tem seus pontos positivos e que pode agradar a alguns e principalmente a um público específico: crianças e adolescentes. Agora vamos voltar a parte dos comentários desnecessários sobre o filme ser protagonizados por mulheres? Muita besteira foi dita e não vale a pena ser replicada. Mas o fato desse público específico que pode gostar do filme (adolescentes e crianças) ter como referência heroínas mulheres é maravilhoso. Já temos e vivemos num ambiente onde os heróis são a maioria, termos esse contrabalanço é sim muito bom. O problema de #AsCaçaFantasmas não é quem protagonizou, poderiam ser homens e o resultaria continuaria sendo o mesmo: um amontoado de referências e homenagens em um questionável reboot que traz poucas novidades e diverte pouco.