4 atores/personagens que ilustram o tanto que a 1ª temporada de #Westworld foi legal.


#Westworld já chegou metendo o pé na porta e a 1ª temporada foi realmente muito boa. Sério! Fazer uma série com tamanha qualidade técnica, roteiro tão cheio de camadas e elenco tão afiado não é pra qualquer um. Até entendo quem começou a assistir e não tava entendendo muito bem o que tava rolando, ou tava com preguiça mesmo, e resolveu abandonar a série. Repense essa atitude. Claro que é ótimo quando uma série te pega logo no primeiro episódio, mas #Westworld é daquele tipo que vai numa crescente, quando você percebe, tá gamado. Particularmente, esperei a 1ª temporada acabar pra então poder assistir tudo. Tenho feito isso com a maioria das séries que acompanho e sim, a recepção é completamente diferente. Se tivesse acompanhado semanalmente, provavelmente estaria entre os que não tiveram muita paciência e acabaram desistindo. Pra quem fez isso, de novo, reconsiderem.

Escolhi 4 destaques do elenco, personagens inclusos, pra ilustrar o tanto que essa 1ª leva de episódios foi legal e, a partir daí, falar um pouco mais sobre a série. É verdade que o roteiro dá brecha pra escrever um texto de infinitas páginas com teorias, explanações sobre o que é realmente ser um ser humano, filosofia e etc. Também é verdade que o elenco como um todo foi muito bem escalado e está muito bem dirigido, porém, esses quatro... Ah esses quatro! São o sustento e o que leva a série pra frente.

ALERTA DE POSSÍVEIS SPOILERS

Jeffrey Wright (Bernard): A princípio somos apresentados a Bernard como o cara que nos "guiaria" pela trama. Ele começa interrogando a Dolores, fazendo com que a gente conheça mais a "história dela", investigando porque estavam acontecendo erros com os robôs, mas aí descobrimos uma parte do "passado dele" e pronto, nos apegamos e entendemos porque aquele cara era tão fechado e tinha aquela postura. Putz! Coitado do cara, né? E ainda tinha a Theresa que, aparentemente, não estava tão interessada nele quanto ele nela. Eis que num ótimo plot twist Bernard fica endemoniado, mata Theresa e descobrimos que ele também é um robô. Com isso chegamos numa intenção claríssima de #Westworld: é pra nós (espectadores) nos apegarmos mais com os robôs do que com os seres humanos. Independentemente do que eles façam. Afinal, o que é ser "ser humano"? E quem ali está vivendo em condições "não humanas" sendo explorados, usados e descartados? Muito que bem. Jeffrey Wright está excelente no papel e fez ótimas cenas, tanto a que o seu filho "morre", a que ele mata Theresa ou a que percebe que também é um robô. Destaco sua dobradinha com Anthony Hopkins e a relação de afeto/poder sob/sobre o outro que os dois expressam tão bem na tela.

Thandie Newton (Maeve): Maeve é o tipo de coadjuvante perfeita. Tem lá os sofrimentos dela mas não fica choramingando ou refletindo muito sobre isso, não é muito flor que se cheire (e provavelmente sabe disso) mas isso não a torna uma má pessoa. Aqui, essas e outras características fazem o contraste perfeito com a "mocinha" Dolores. Do núcleo das prostitutas no parque Westworld, Maeve é apresentada como a clássica (leia-se clichê) prostituta "gerente" de um bordel de filmes e séries. Daí ela começa a ter sonhos estranhos, uma coisa leva a outra e ela acaba descobrindo que os "deuses" na verdade, são uma espécie de manipuladores de fantoches e que, no caso, ela é uma desses fantoches. Com Maeve somos despertados para o espírito de justiça e liberdade. Justiça pelo o que aconteceu com ela e com "sua filha" e liberdade porque ela que ser dona do próprio nariz, ou como disse em uma de suas várias ótimas falas: "Hora de escrever a porra da minha própria história". Thandie Newton e Evan Rachel Wood (já me adiantando um pouco) tem um trabalho incrível nesses episódios pois boa parte das suas boas cenas se resumem a olhares. Dizem muita coisa sem falar nada. Nos filmes em que fez (e que vi!), Thandie teve poucos momentos para mostrar sua capacidade, mas aqui arraza do começo ao fim.

Anthony Hopkins (Robert): A princípio apresentado apenas como o misterioso co-criador do parque #Westworld, Robert, ao poucos, vai revelando que por traz desse mistério todo estava um homem completamente controlador e bem fora da casinha. Primeiro que ele recriou a própria família (em forma de robôs) e deixou em um lugar escondido do parque apenas para ele visita-los de vez em quando. Segundo que quando ele sente que está perdendo o mínimo de controle do seu mundo, usa o Bernard para tirar o problema da sua frente, demonstrando a sua completa frieza. O mesmo Bernard que, mesmo sendo robô, é o único que ele demonstra algum tipo de envolvimento ou, no mínimo, relação de igual para igual. Ou seja, é um cara doentio e complexo. Talvez seja "viajar" demais, mas imaginar o sentindo de "deus" como o comandante do nosso mundo, em comparação com Robert e #Westworld, seja uma bom motivo para perder algum tempo queimando os neurônios, e com certeza, foi algo imaginado pelos criadores da série. Pra dar a vida a esse "deus" sombrio e frio, chamaram o Anthony Hopkins. Bom, dispensa comentários. O cara é um gênio e sua construção do Robert é genial. Ele dosa muito bem aonde, no texto, deve investir, através dos olhares, nos momentos de frieza, de dubiedade e psicopatia. Maravilhoso. Preciso falar dos flashbacks que mostram Robert jovem e o excelente efeito que criaram. Coi$a de primeira e pra quem pode ba$tante.

Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood): Desde o primeiro minuto do primeiro episódio está claro que Dolores é a mocinha da história, os criadores fazem questão de deixar isso bem claro. E se no início ela é a mocinha chatinha, no decorrer dos episódios vamos nos afeiçoando a ela que, na verdade, é quem nos guia por essa história e todas as suas ramificações. E, ao contrário da Maeve, que quer se ver livre daquilo tudo, Dolores não é tão clara sobre isso. O que a move é o fato de que aquele é o seu mundo, ela quer viver ali, mas viver tendo consciência de si e das regras existentes (Pra depois, quem sabe, questionado-las?). Basicamente isso já torna Dolores uma personagem bem interessante, mas nas mãos da Evan Rachel Wood isso é levado ao extremo. Confesso que sempre achei os desempenhos dela medianos ou questionáveis, mas aqui é sublime, ela está perfeita no papel. Cada expressão, cada intenção, mostra como Dolores foi estudada e o que ela deveria passar pro espectador em determinado momento. A sua cena no primeiro episódio (creio!) onde Bernard vai dizendo "sem emoção", "sem sotaque", "sem expressão" é um exemplo disso, além claro, do seu ápice no season finale. Claro que esse, provavelmente, foi um trabalho em conjunto com os diretores e criadores, e essa é outra característica dessa 1ª temporada de #Westworld, tudo é muito "fechadinho" e, claro, brechas foram deixadas para a próxima temporada, mas essa leva de episódios transparece cuidado, estudo e trabalho duro, além de um ótimo entretenimento. Um primor.