Os altos e baixos das "obras abertas" exemplificados em #AFavoritaNoGloboplay
Para os mais atentos ou adoradores do gênero, não é novidade, nos sites individuais das novelas da Globo já era possível assistir a capítulos na íntegra faz algum tempo (para assinantes globo.com, claro). Lembro que na febre #AvenidaBrasil (2012) fiz maratonas em alguns finais de semana para acompanhar os capítulos perdidos durante a semana. Seguindo as tendências do momento em que estamos vivendo, onde os streamings estão bombando, a divulgação em torno do Globoplay ficou pesadíssima. E nada mais natural que o grupo também usasse seu maior trunfo dramatúrgico da TV aberta nesse "novo" meio: as novelas. Relançamentos de sucessos do passado vieram com tudo ao som de "O Portão" do Roberto Carlos de duas em duas semanas. A primeira foi "A Favorita", mas já temos outros títulos como "Vale Tudo", "Fera Radical", "Meu Bem, Meu Mal" e por aí vai. Esses novos títulos se juntaram a outros mais recentes que já estavam disponíveis com um qualidade questionável. Algumas novelas não estão em HD e cortados em formato 4:3, já outras (originalmente gravadas em 4:3) esticados para 16:9.
Pulando esses "pormenores" técnicos, a "novidade" de maratonar novelas surgiu. Coisa que parecia loucura há tempos atrás, afinal de contas, o formato novela além de ser muito grande (quase 200), não era feito exatamente para isso. Muitas pessoas assistem novelas enquanto estão fazendo outras coisas, portanto, é normal ter um núcleo aqui ou ali que seja só pra preencher a cota de tela ou ser um fermentinho pro bolo dar uma inchada. Outro fator que precisamos levar em consideração é o velho e bom termo "obra aberta", que traduzindo em português bem claro é: investe-se na história/elenco/núcleo que está agradando e dando audiência e diminui-se (ou corta-se de vez) o que está rendendo pouco ou nada. Claro, isso não é exclusividade das novelas, séries também são obras abertas e também usam e abusam dessas ferramenta. Porém, importante notar que as séries, de um tempo pra cá diminuíram as quantidades de episódios por temporada justamente para evitarem essas mudanças "bruscas" ou tramas rocambolescas. Se antes séries tinham 23/24 episódios, hoje investe-se entre 12 e 13 por temporada. #Lost, por exemplo, que fez parte do BOOM da volta das séries lá no início dos anos 2000 teve sua história com:
- 25 episódios (1ª temporada)
- 24 episódios (2ª temporada)
- 23 episódios (3ª temporada)
- 14 episódios (4ª temporada - seriam 16 mas houve a greve dos roteiristas que parou Hollywood naquele ano de 2007)
- 17 episódios (5ª temporada)
- 18 episódios (6ª e última temporada)
Totalizando 121 episódios num intervalo de 6 anos. Sim, na ponta do lápis a coisa parece ainda mais complicada pros autores de novelas e seus colaboradores, considerando que os capítulos são diários, ao contrário das séries que são semanais, e o período total que é em média de 10 meses seguidos, ou seja, apertem os cintos e saiam escrevendo. Nada mais natural que as famosas "barrigas" aconteçam em algumas novelas ou mudanças mais drásticas sejam feitas sem tanta sutileza. Beleza. Isso tudo não é novidade certo?
Agora, voltando ao assunto "maratonar novela" um coisa fica clara: essas "mexidas" ficam escancaradas, porque se no dia-a-dia a gente não percebe uma coisa aqui ou outra ali e ignora uma coisa acolá, na maratona não. A "ferida" fica mais que exposta. E antes mesmo do texto acabar já lanço um questionamento: nesse formato streaming não seria interessante uma edição especial das novelas? Não como essas que estão no ar por conta da pandemia, mas tirar todos os excessos, o que não deu certo. Núcleos completos, por exemplo, e ficar só com o interessante? Dar um "up" no produto? Ou seria um desrespeito as obras, seus autores e aos noveleiros fervorosos do Twitter?
A FAVORITA COMO EXEMPLO
#AFavoritaNoGloboplay teve um total de 197 capítulos e foi exibida num período de pouco mais de 7 meses. Foi a primeira novela do autor João Emanuel Carneiro no prime time das 22h da rede Globo depois dos sucessos de #DaCorDoPecado e #CobraseLagartos no horário das 19h15. A premissa é interessantíssima. Um assassinato, duas suspeitas com versões parecidas, mas quem está falando a verdade? Flora ou Donatela? A novela já chegou com o pé na porta sem dizer quem era a boa, quem era a má ou nenhuma historinha de amor como destaque a primeira vista.
"1ª TEMPORADA"
Aliás, nenhum personagem era muito confiável. Todo o clima da novela era de grande mistério. Esse, com certeza, foi um dos pontos altos da novela: a direção entendeu que a trama principal era bem macabra e traduziu isso em imagens e sons. Fotografia escura, quase noir e o tango marcante da abertura que já nos inseria naquele universo sombrio. Permaneceu até o final? Quase. Eu confesso que quando foi ao ar originalmente não acompanhei fielmente mas achava interessante toda vez que assistia (posteriormente pude ver a versão do DVD). Fato é que no capítulo 56 descobrimos finalmente que Donatela "não é uma assassina assim como eu", fala da própria Flora. Algumas pontos merecem destaque:
1. Era óbvio que a Flora era a assassina, mas muita gente (inclusive eu) foi enganada direitinho pelos autores. E aqui o porque: acostumados com os maniqueísmos das novelas durante muito tempo, era óbvio que nossos olhos iriam se virar contra Donatela. A extravagante, ambiciosa, rica e não a Flora, a simples, de fala mansa, olhos sempre pra baixo e recém saída da prisão alegando ter sido injustiçada, coitada. Em vários momentos vinha na minha cabeça "como que não percebi que era a Flora?". Aqui e ali, talvez por conta desse olhar mais atento que o maratonar te dá, fica mais claro que os autores deixaram pistas sutis da obsessão da Flora pela Donatela e de sua psicopatia. Ponto pra eles que souberam brincar com espectador direitinho.
2. A construção dos personagens pelos atores (claro, baseados no roteiro) é simplesmente incrível. Com a ajuda da caracterização e cenografia/arte o acerto foi certeiro. Donatela com seu estilo fazendeira rica, lenços de seda e badulaques. Flora com roupas simples, sem adereços. Lara quase masculinizada mostrando seu lado "revoltado" (que com o tempo foi sumindo). Dodi, um cafajeste cafona, deslumbrado e exibicionista (A primeira versão do Max de #AvenidaBrasil?). Silveirinha, sempre com roupas escuras, apagadas, com cara de amargurado, demonstrando que sempre colocou suas "divas" a frente dele mesmo e Zé Bob, personagem que seguia a risca todos os esteriótipos que um galã de uma trama policial poderia ter: Jornalista sempre em busca da verdade e destemido, não se apegava a ninguém, tinha um carro velho pq achava uma máquina incrível (isso também se perdeu), cabelos compridos (cortados após pesquisa com o público) e óculos de sol aviador. Na cenografia e arte destaco, claro, o rancho dos Fontini, que mesmo bonito tinha realmente um ar de mausoléu (como a Flora adorava dizer). Escuro, trazia o clima tenso que sempre acontecia por ali. A casa do Zé Bob, cheia de livros, sempre sem comida, bagunçada e onde a verdadeira dona da casa era a cachorra Velma falava muito sobre ele. E isso permaneceu. Já a primeira casa do Silveirinha, com todas as coisas da dupla Faísca e Espoleta guardadas, mostrando sua obsessão, falavam muito do personagem que a princípio parecia ser um gay (inclusive com várias "piadas" do Dodi, principalmente) amargurado que venerava e odiava aquelas duas mulheres com todas as forças. Com o tempo não só a casa do Silveirinha desapareceu (tudo bem, por um bom motivo) mas esse lado sombrio com pistas de que seria uma dor muito forte guardada também foi sumindo e o personagem virou "apenas" um interesseiro que só queria dar uma jeito de se dar bem, independente de que lado estivesse. Ele fazia de tudo! Cozinhava, servia, sequestrava criança, planejava sequestro falso... Grande homem o Silveirinha! [contém ironia]
Todos os atores desse núcleo, Claudia Raia, Patrícia Pillar, Mariana Ximenes, Murilo Benício, Carmo Dalla Vacchia (umhum), Ary Fontoura, Mauro Mendonça e Glória Menezes estiveram irretocáveis para que essa sensação de dúvida pairasse forte no ar. Escalação de primeira + trama principal extremamente forte é, com certeza, o ponto alto mais alto de todos de #AFavoritaNoGloboplay.
3. Voltando a falar em Mauro Mendonça, Glória Menezes, Ary Fontoura e incluindo Tarcísio Meira, Genézio de Barros, Suzana Faini, Milton Gonçalves, Nelson Xavier e Walmor Chagas (esses dois últimos em poucos capítulos dessa "primeira temporada") é importante falar como foi muito legal a importância dada a esses veteranos sem tramas caricatas e/ou com cunho específico. Dona Irene (Gloria Menezes) atravessou do alto de um prédio para outro apenas por uma viga. Seu Pedro (Genézio de Barros) correu e apanhou de bandidos. Ou seja, todos estavam envolvidos na ação de forma orgânica. Além de ação, tiveram tramas interessantes, como o quadrilátero entre Gonçalo, Irene, Copola e Iolanda. A princípio até parecia que iria ter mais espaço do que no fim teve, mesmo já tendo bastante. A briga entre Gonçalo e Copola em frente a fábrica, demonstrando que eram amigos no passado, que não concordavam um com o outro mas tinham um certo coleguismo me deu essa sensação. Uma espécie de Flora/Donatela versão masculina e adulta. Um paralelo, assim como foi um paralelo a relação Lara/Cassiano com Irene/Gonçalo e Irene/Copola. Suposições a parte, esse veterano quadrilátero amoroso rendeu bastante até o final e com ótimas cenas, principalmente quando ambos os casamentos entram em crise, culminando na separação de Copola e Iolanda, deixando o caminho meio aberto para a paixão abafada de Irene e Copola aflorar de vez e tornando Iolanda uma mulher bastante amarga.
4. Já Nelson Xavier, infelizmente, não teve a mesma sorte. Mesmo tendo boas cenas de embate com a filha Maria do Céu (um tópico a parte), sua história esgotou-se e seu Edvaldo acabou morrendo no capítulo 51. Milton Gonçalves também teve um trabalhado difícil, mas segurou a onda como pôde até o final. Lembro que muito se comentou na época que finalmente colocariam uma família negra, rica e com destaque em uma novela das 22h. O tiro saiu pela culatra. Tratar o alcoolismo do Didu em algumas cenas com fundo musical cômico, depois de forma raza e por fim quase ignorando completamente o assunto foi apenas a ponta do iceberg desse Titanic. Todo o núcleo Romildo Rosa, novamente, com o olhar que o "maratonar" te dá foi um ponto baixíssimo da novela. Romildo era vilão mas era humanizado (inclusive esse lado rendeu algumas cenas interessantes entre Milton e Taís) mas era zero simpático e sua trama política inicial era bem chata. Erraram a mão feio na abordagem cômica. Quando o plot do tráfico de armas entra, Romildo fica um pouco mais interessante por abordarem o tema sem o tom cômico (que o político tinha) e sua aproximação com Arlete o humanizou com mais equilíbrio. Mas não tem como defender: logo depois vieram os plots envolvendo os moradores do prédio de Rita invadindo a sua casa e por fim Alicia sendo baleada pelo bandido que ele PESSOALMENTE traficou armas e culminando no seu ZERO CONVINCENTE arrependimento numa cena constrangedora no hospital. Ângela Vieira, que dispensa apresentações, foi completamente desperdiçada num papel que não disse a que veio. E para piorar nem Arlete e nem Romildo tiveram um final descente. Agora uma pergunta de um milhão de dólares: Porque Rita teve tanto destaque no início da trama? E sua mãe Dulce? A princípio até tinha um fio de história envolvendo as duas mas o fato é que patinaram feio durante capítulos e capítulos. Sofrido. Isso sem falar em Gurgel e Amelinha. Taís Araújo, atriz talentosíssima, só conseguiu mostrar o quanto é profissional. Tentou segurar a Alicia com certa dignidade até o fim, mas era uma luta perdida. Alicia era sem objetivo, não despertava empatia, tinha algumas falas engraçadas (prováveis cacos da atriz como o "ADOOOOORO!") mas não se sustentava. Lá pelo meio da trama até conseguiu ter um certo destaque por ser a denunciante do próprio pai traficante, mas a merda já estava feita. Ela acabou com uma reviravolta insossa após ficar em coma e um romance mais insosso ainda com Cassiano a quem ela chamava irritantemente de "príncipe" 🤢. Por fim, um núcleo mal construído e com desenvolvimento pior ainda. Uma pena.
5. Voltemos um pouco a Maria do Céu, uma personagem que surgiu por não aceitar ser pobre, sonhadora, ambiciosa e que acaba tendo uma obsessão por Cassiano. A personagem parecia a carta coringa dos autores, era mutante. Tudo podia acontecer com ela. Queria ser rica, era meio louca e meio núcleo cômico, em determinado momento forma um triângulo amoroso com Lara e Cassiano, não quer ser prostituta mas acaba (quase) sendo. Só por essa lenga-lenga e pelo sotaque péssimo que a atriz deu para a personagem, Maria do Céu já seria um ponto bem baixo, mas piora. Não satisfeitos em fazer o triângulo Lara-Cassiano-Céu, os autores também inventaram o triângulo Céu-Halley-Lara e o quase triangulo Halley-Céu-Orlandinho. Olha, uma confusão total que junto com o núcleo Romildo Rosa poderia entrar naquela minha pergunta lá do início sobre se não seria interessante cortar núcleos completos. Dispenso comentar a relação de Céu com sua irmã Greice após a morte do pai. Todos os reencontros das duas me parecia um bloco pra fechar buraco, ou tempo de tela a ser preenchido mesmo. No meio dessa coisa toda, pra piorar, temos Orlandinho. A princípio não assumia que era gay até conhecer Halley, que o trata de forma questionável durante toda a trama, e após voltar de uma (pasmem!) clínica para o "endireitá-lo" conhece Céu. Fazendo seu primeiro "programa" ela e Orlandinho viram amigos e acabam se unindo: ela finge que é "a mulher dele" e ele finge que é "macho". No meio dessa história tanto desserviço foi feito que enumerá-los tornaria esse textão (já extra grande) numa tese. Por fim, Orlandinho "vira hétero" e, honestamente, até acho que os autores tentaram de uma forma bem fraca falar sobre bissexualidade mas também é impossível de defender. De tão baixo, esse ponto foi pro subsolo. Ao contrário de Alicia, Céu acabou conseguiu ter uma "trama", principalmente quando Flora a usava contra a "purgante" da Lara. Deborah Secco também tentou defender a personagem até onde conseguiu mas na reta final transpareceu a falta de ânimo em seguir com uma história tão ruim e falar algumas coisas tão absurdas tentando passar credibilidade. Ficou visível na tela.
Todo início de uma obra aberta é assim né? Te jogam opções pra ver o que cola. Aqui, com uma trama principal tão forte e tão interessante. A maioria das histórias paralelas (me parece) foram sendo menos cuidadas e automaticamente se tornaram desinteressantes e/ou esquecidas completamente. Lembro que rumores diziam que a audiência da novela estava ficando morna e, cá pra nós, em certo ponto a dúvida de quem era a assassina se desgastou. Com ares de último capítulo, ou final de temporada, veio a revelação da mocinha e da vilã e a trama seguiu por linhas mais tradicionais.
"2ª TEMPORADA"
Após a revelação de que Flora era a assassina no capítulo 56, onde NENHUMA trama paralela foi apresentada, #AFavoritaNoGloboplay sofreu uma reviravolta. A começar pelo pequeno "sumiço" do elenco principal, talvez para ajustar as tramas paralelas ou talvez para dar um alívio pro elenco desse núcleo que estava em 90% das cenas. Outra mudança notável foi a fotografia da novela. O clima noir e as cenas mais escuras ficaram para cenas específicas. O restante ficou no clima de "novela tradicional".
Com a armação de Flora para incriminar Donatela do assassinato do Dr. Salvatore e do próprio Marcelo e a mesma indo pra cadeia, uma importante personagem ressurgiu: Diva, ou como queira chamá-la (ela teve quatro nomes durante a novela). E a "principal baixa" veio logo em seguida, mas vamos por partes:
1. Diva apareceu lá no primeiro capítulo quando Flora saiu da prisão e depois quando conseguiu um indulto, daí, num papo com Pepe descobrimos que ela na verdade é Rosana, a mulher dividida entre Augusto César e Elias, dois homens que dividem a paternidade do filho dela, Shiva. Ok, segura. É bom ressaltar que o tom dado a esse núcleo Augusto César, o maluco beleza, na "primeira temporada" foi chatíssimo e com certeza um ponto fraco até então. A volta de Diva/Rosana pra ajudar a protagonista num momento crucial, com certeza, foi um ponto alto. Não foi um recurso deus ex machina justamente pelas aparições pontuais dela anteriormente e a Giulia Gam estava ótima. Quando a Donatela troca de identidade com a Rosana e com a chegada da primeira no sítio de Augusto, a abordagem da trama dele e Shiva começa a melhorar um pouco. Donatela traz doçura e torna um pouquinho mais crível a saudade que Augusto sentia por Rosana a ponto de (talvez) o enlouquecer e achar que a mesma foi parar em outro planeta. Sua relação com Shiva também se torna algo interessante de acompanhar. Donatela, a princípio, acha que Diva/Rosana está morta após as trocas de identidades na cadeia, mas, ao contrário, numa reviravolta bem interessante, descobrimos que ela está bem viva e uma trama paralela interessante surge. Além de Diva e Rosana, ela também é Kato, uma das cabeças na trama do tráfico de armas onde Romildo também está envolvido. A trama de Rosana, puramente, daria uma novela ou uma série e foi tratada como tal. O capítulo em que ela descobre que estava sendo enganada pelo seu (até então) parceiro e amor Tito foi um ponto alto. Novamente, uma trama paralela bem interessante, no meio de tantas sem cuidado. Quando volta pro sítio de Augusto com o nome de Miranda (seu 4º nome na novela, rs) a trama de Diva foi se concluindo mas acredito que de uma forma natural, bem resolvida. A rápida virada de chavinha de Augusto César (que chegou a ter ataques de pânico na cidade grande de tão bicho grilo) na reta final é estranha mas prefiro relevar. A trama do personagem, com a ajuda de Donatela e o retorno de Rosana, foi evoluindo e corrigiram o tom a tempo nessa "2ª temporada". José Mayer defendeu muito bem o ídolo musical aposentado tanto em seus momentos de comédia, quanto nos momentos mais sérios. Elias é um outro ponto. Antes, voltemos um pouco a Augusto César.
2. Augusto César, lá na primeira parte da novela, se envolve com Maíra, mais uma personagem que a princípio parecia que teria uma história relevante. Mas não, foi apenas orelha do Zé Bob boa parte do tempo. Como numa boa obra aberta, não podia faltar a saída de um ator importante ou reclamações de outros (no caso da Ângela Vieira bem válida). Já Juliana Paes, por sorte ou como preferirem, conseguiu unir o útil ao agradável e ainda teve um final bem digno. Na coletiva de impressa da novela, a atriz já estava na corda bamba por ter sido escolhida pela própria Glória Perez para protagonizar #CaminhoDasÍndias. Acordo consolidado entre autores, diretores e executivos da emissora, Juliana saiu mas Maíra não desapareceu simplesmente. Justamente na virada da novela, quando a gente já sabia que Flora era bem louca, Maíra também descobriu o mesmo. Morreu sem conseguir avisar o melhor amigo Zé Bob. Depois de uma fuga e um atropelamento, Flora desliga os aparelhos e Maíra parte de uma dessas pra outra melhor (ou só pra Índia mesmo?). Foi lembrada até o final por ter sido um dos assassinatos da Espoleta. Ponto pros autores, que ao contrário do caso da Ângela Vieira, contornaram muito bem a situação.
3. Deixando de lado um pouco os bastidores e voltando pra trama, parei em Maíra, que teve um caso com Augusto Cesar, que dividia a paternidade do filho de Rosa com Elias. Isso, esse é ponto. Elias era um dentista que acabou se tornando o prefeito de Triunfo, a cidade fictícia perto de São Paulo onde ficava a fábrica de papéis dos Fontini, o rancho da família também ficava por ali, tudo levemente confuso, mas enfim, geografia nunca foi o forte das novelas. Pulemos essa parte. Elias começou então, ainda lá na "primeira temporada", mais uma trama política bem da chata onde seu adversário era Didu e Romildo Rosa, aquele que já tinha a própria trama política chata. Virada da novela, início da "segunda temporada", Elias eleito e com as tramas políticas praticamente eliminadas (obrigado! 🙏🏻) restou-lhe a boa e velha trama amorosa. Elias era casado com Dedina, que começou a sentir uma atração por Damião, melhor amigo de Elias. A merda estava anunciada mas não imaginaríamos que seria uma tão grande. Traição consumada entramos num terreno perigoso. Da primeira vez Elias, até então um cara do bem mas que reprimia bastante suas emoções, chega a engolir a traição, da segunda não. E em uma cena bem marcante e que considero completamente desnecessária dramaturgicamente, mas que pode ter sido um clímax aguardadíssimo por alguns espectadores, ele agride Dedida, a arrasta pelos cabelos na praça da cidade e pasmem, ainda lhe ameaça de morte com um "dá graças a deus deu não dar um tiro no meio da tua cara!". Se o plot Dedida e Damião já era uma bela encheção de linguiça, no final virou mais um caso (como o do Orlandinho) de desserviço completo. Calma que ainda não acabou. Em uma discussão com Elias, Damião acaba caindo e ficando paralítico, mas machista que sempre mostrou ser, parece se importar mais com o fato de ser um "homem pela metade" do que qualquer coisa. Não quero nem entrar no mérito da relação dele com Greice que também acho péssima. Damião, teve seu "castigo" mas bem rapidamente se recuperou e voltou a andar. Dedina não teve tanta sorte. Após a agressão do marido entrou numa espécie de surto psicótico e começou a enlouquecer. Descobrimos então, que ela está com uma doença rara e é acolhida pelo "bondoso" Elias, que a esta altura já estava fazendo as pazes com seu bróder Damião. Dedina morre pedindo perdão e que os dois não se separem, enfim, uma trama cheia de machismo, julgamentos desnecessários e estereótipos que não precisariam ser reforçados. Ponto baixíssimo. Leonardo Medeiros (Elias) e Helena Ranaldi (Dedina) estiveram bem na medida do possível com o que lhes era entregue. Ranaldi talvez tenha exagerado um pouco demais na reta final da sua personagem. Malvino Salvador (Damião) em suas cenas na fábrica, como possível líder político esteve bem. Mas em suas cenas mais dramáticas com Elias, Dedina, Arlete (sua mãe) e Romildo (seu recém descoberto pai) patinou legal, mas considerando o peso quase nulo desse núcleo, tudo bem. Com certeza estaria entre um dos plots que eu cortaria completamente da trama.
4. Ainda em Triunfo, tínhamos um dos núcleos paralelos mais interessantes (talvez o mais) da novela: a família Copola. Além do próprio Copola, que começa a novela casado com a Iolanda, e já contei a treta toda com os dois lá atrás, tínhamos suas três filhas: Catarina, casada com Leo e que tinham dois filhos, Mariana e Domênico. Lorena, casada com Átila, mãe e pai de Cassiano. E a caçula Cida. O núcleo além de fazer um balaço com a família "pesada" dos Fontini, era envolto de um clima de simplicidade, clima de interior, música sertaneja e que mesmo com problemas, estavam sempre ali um com os outros. A dinâmica entre os atores, que só tinha feras, com certeza, é um dos grandes responsáveis por essa empatia toda. Cida, a filha que talvez tenha rendido menos na história, a princípio era preterida pela mãe por algum motivo que ficava no ar. Isso se perdeu, mas com uma boa rebolada dos autores, quando Iolanda estava tentando sair do buraco da amargura, foi justificado de forma tragável. Lorena, a mais solar das três, parecia aquela pessoa que você quer ter como vizinha. O triângulo amoroso que tentaram fazer entre ela, Átila e Cida, graças a Janete Clair, foi meio que esquecido, ficou só no que aconteceu no passado e foi uma escorregada leve. Perdoamos. Além do lenga lenga amoroso com Lara, Cassiano acabou tento uma carreira musical, com um porém, Thiago Rodrigues cantando era ruim de doer. SOCORRO. Ainda bem que abortaram. Ele continuou um sucesso, mas não fomos obrigados a vê-lo cantando por muito tempo. Átila com uma certa inveja do filho foi um tema interessante, abordado de forma "leve" mas sem tornar caricato ou ruim. Chico Diaz, aliás, também na lista de "bem que poderiam ter aproveitado melhor", mas não rolou. A grande protagonista desse núcleo e, na minha opinião, a grande história antagonista da novela, ficou com Catarina. Casada com Leo, machista incorrigível, agressor físico e mental da família, tirou da esposa toda a auto-estima e estrutura mental existente. A princípio Catarina estava paralisada mas depois (da pesquisa com o público, e virada pra "2ª temporada") ela vai conseguindo se reerguer, enfrentar o marido e com um texto muito bem escrito e inspirador, encontra uma nova vida. É daqueles personagens que todo noveleiro guarda no coração, torce e morre de raiva com quem a faz mal. Um ponto alto desse ponto alto é que Catarina não terminou a novela com um grande amor ou algum final clichê. Tinha dois pretendentes, Stela e Vanderlei, mas como ela mesma disse "eu preciso viver" e assim saiu de cena, indo viajar. Aqui, mais um clássico de toda "obra aberta" aconteceu. Num ponto decisivo da vida da Catarina, sua separação do Leo, Copola, seu pai sempre tão presente e amável, teve um breve sumiço e depois surgiu com estranhos óculos escuros. Tarcísio Meira precisou fazer uma cirurgia nos olhos mas não comprometeu em nada o desenrolar da história. Jackson Antunes e a grande Lilia Cabral merecem destaque. Brilharam em cena. Interessante lembrar como após esse trabalho, Lilia Cabral e Alexandre Nero (Vanderlei, que estava muito bem) começaram a bombar em outros projetos da emissora. Preciso falar aqui sobre o "Quem é o pai do filho da Mariana?" com uma condução bem preguiçosa teve desfecho bem intrigante, dúbio, que achei pesado mas interessante. Bom lembrar também que o que faltou de sutileza e sobrou em desserviço com Orlandinho, com Stela a medida foi certa e sensível.
5. Enquanto tudo isso acontecia, nosso núcleo principal da novela se movimentou bastante. A novela não perdia o fôlego e isso reforçava ainda mais o investimento e o poder do núcleo principal. Flora visitou Donatela na prisão usando suas roupas em uma cena icônica. O traço "trapalhão" de Dodi foi acentuado e Flora até tentou assassiná-lo mas, primeiro não deu certo e depois ela deu pra trás. A falsa morte de Donatela quase desidratou a Mariana Ximenes mas nos fez ter mais ódio da Flora e ficamos com o pé super atrás com a Donatela e suas atitudes impensadas, ou burras mesmo. Como quando, bem facilmente, cá entre nós, consegue invadir a casa do Dodi e roubar o DVD provando que Flora matou Salvatore e entrega a prova justamente pra quem? Seu Pedro. Que estava morando aonde? No rancho com Flora e Silveirinha. G-Ê-N-I-A. Aliás, quando Donatela "morre" ela deixa uma bela herança pra Lara, mas depois esse dinheiro some (chegaremos lá). Donatela desde o início era explosiva e inconsequente e a gente se deixava levar, mas algumas coisas eram bem difíceis de engolir. No ótimo plot do falso sequestro, por exemplo, a doida insistia em "ir lá ver minha filha". NÃO. Nesse mesmo "período" do falso sequestro Genézio de Barros merece destaque quando seu Pedro estava fazendo o jogo da Flora e fingiu ser o pai amável e que errou com a filha, rendeu ótimos momentos. Ponto baixo, aliás, é esse DVD. Na cena original da morte do Salvatore nada foi mencionado ou mostrado que o Dodi estava filmando, até aí tudo bem, mas era claro pela disposição dos atores na cena, que ele não estaria filmando aquilo tudo. Pra piorar, a gravação do DVD era do nosso ponto de vista e ainda editado! Flora atira. CORTE. Salvatore escorregando por uma pilastra deixando rastro de sangue. Não colou. A tentativa de assassinato do Zé Bob pela Flora foi bem interessante, bem escrita e bem dirigida. E a partir do não sucesso dessa missão, a trama segue pra sua reta final com seus personagens muito bem definidos, o que tinha dado certo ótimo, o que não tinha, já era!
"3ª TEMPORADA"
Se até alguns anos atrás era praticamente obrigatório que toda novela tivesse um núcleo cômico, isso foi se perdendo com o tempo. Em #AFavoritaNoGloboplay esse núcleo não era fixo. Em determinado momento foi Augusto César, em outro Gurgel e Amelinha, família Copola, pai e irmã do Dodi que surgiriam (Numa ótima participação da Cláudia Missura e do Lúcio Mauro), etc.. Talvez tenha sido algo involuntário, ou algo que fazia parte da proposta do criador de que todos temos vários lados. Fato é que uma grande mudança ocorreu com o Halley, que passou de coadjuvante que queria se dar bem de qualquer jeito, com traços cômicos e que tinha até um quase bordão herdado da sua parceria anterior com o criador (o "maminha"). Passando por sua fase com Manu, depois com Alícia e Orlandinho (Onde ele fingiu ser gay, num texto que, repito, era um DESSERVIÇO TOTAL) até chegar na fase com Orlandinho e Céu e toda essa primeira "parte" do personagem que, na verdade, pra mim, poderia ser jogada fora. Quando acontece a já tão falada virada da novela, Halley começa a ganhar outros traços e, em determinado momento, se torna o principal personagem masculino da novela. Mas de novo, vamos por partes porque essa é a reta final!
1. Logo que foi contratado por Gonçalo para ser segurança "à paisana" de Lara e começa a se envolver com a mesma, Halley dá sinais de mudança, mas a princípio não nos parece algo genuíno. Apenas quando Lara descobre que Halley não era um colega de "facul" 🙄 qualquer é que começamos a acreditar mais nos sentimentos dele e sua transformação começa a ser feita. Acontece que, pra mim, Halley nunca desceu muito bem. Pelo contrário, juntou o útil ao agradável e quando soube que era o verdadeiro herdeiro dos Fontini ficou muito feliz em assumir tal posição de poder. A química com Lara era clara, mas era um casal chato. Acontece que, com a transformação do personagem feita e quando ele ouve a Flora falando mal da Lara, esse é o ponto de guinada. Até então com cenas pífias com seus interesses sexuais, ou com as prostitutas que trabalhavam com sua mãe e posteriormente com a Lara, Cauã Reymond começou a ter importantes e fortes cenas com o nosso querido núcleo principal e tão pontente. Os embates com a Flora, a descoberta de ser filho da Donatela, mesmo com um texto muito raso, colocou o ator a prova e ele deu conta do recado muito bem. Se entregou e fez um excelente trabalho. Um ponto menos zero que se tornou um ponto bem alto. Ainda acho completamente DESNECESSÁRIO que o triângulo Halley-Lara-Cassiano tenha sido levado até o último capítulo. Pra mim, considerando tantas coisas pesadas que os dois primeiros passaram, o ideal seria que todos terminassem sozinhos, mas ei, estamos falando de novela né? Sabe como é... Ainda sobre Halley, já citei alguns momentos dele em que Cauã teve ótimas cenas com as já elogiadíssimas Claudia Raia, Patricia Pillar, Glória Menezes e também Mauro Mendonça, mas creio que, nessa novela, seu grande "par" de cena não tenha sido nem a Mariana Ximenes, mas sim a Elizângela. Que atriz maravilhosa! Passou por várias nuances, arrasou em todas as cenas dramáticas, teve momentos de comédia e nessa fase do Halley, as cenas com Cilene eram uma delícia de acompanhar. Outra escalação certeira, atriz competente e grande destaque da novela.
2. O grande ponto de virada para essa "terceira temporada" foi a morte do importante e querido Gonçalo. Numa cena com direção competentíssima, ótima fotografia e Mauro Mendonça e Patrícia Pillar apenas entregando tudo, a novela tem um pico de adrenalina. O impacto da morte dele foi tão importante que, maratonando, me vi de luto com todos os outros personagens por pelo menos três capítulos. Temos que lembrar. contudo, o grande escorregão que foi, após ter descoberto que Flora era culpada de tudo, Gonçalo, em um lapso de idéias geniais dignas da Donatela, resolve se trancafiar com a assassina na própria casa. Detalhe: sem avisar nenhuma autoridade, policial amigo, enfim, confiou apenas nos seus seguranças. Também foi bem difícil de engolir o Gonçalo sentindo dores, tomando os remédios (que Flora trocou por comprimidos de farinha) e os mesmos não fazendo efeito e ele não ter procurado um médico. Um homem que a novela fazia questão de deixar claro que era tão rico e conhecia tantas pessoas não tinha um amiguinho doutor pra ir vê-lo em casa? Ok, bem estranho (pra dizer no mínimo) mas perdoamos, nos rendeu bons momentos. Matar um personagem tão importante pode ser um ponto baixo em algumas tramas, mas não aqui. Renovou a novela. Verdade que o "life" da trama deu uma caída depois da morte do Gonçalo, mas recupera o fôlego rapidamente quando a sempre "nunca fui muito com a cara da Flora", Lara, ouve ela falando na banheira que queria das uns pegas no Halley. Patricia Pillar, de novo, maravilhosa e engraçada involuntariamente. A essa altura a "liga da justiça" da Donatela já estava completa: Zé, Halley, Cilene, Pedro, Pepe e Tuca, esses dois últimos, aliás, Jean Pierre Noher e Rosi Campos, a segunda principalmente, entram na lista de atores desperdiçados. Voltando: com todos esses personagens querendo ajudar a Donatela a virar o jogo, alguns até com motivações próprias contra a Flora, a desconfiança da Lara sempre presente e juntando-se ao que ela ouviu, pronto! Foi um passo para ela descobrir a verdade e aqui tivemos o bom e velho dramalhão novelesco que a gente gosta. Mariana Ximenes poderia cair facilmente numa cilada e tornar a Lara uma menina chata, a personagem tinha tudo pra isso. Mas ela conseguiu fazer com que a gente tivesse empatia pela pobre menina rica durante toda a novela e principalmente nessa reta final. Como sofreu! Depois da Lara descobrir toda a verdade, Irene foi a próxima e, senhores, mais um banho de novelão pra gente. Glória Menezes já estava arrasando, mas aqui, simplesmente deu aula de atuação. Sua cena pedido perdão, de joelhos para Donatela é um ponto alto. E o que dizer do reencontro com Flora na missa de 7º dia do Gonçalo? Flora humilha a Irene sem dó e Patricia Pillar e Glória Menezes arrasam. Irene, aliás, teve ótimas cenas mas era uma personagem chata/que amávamos ter ranço. Preconceituosa e cabeça fechada, chegou a falar alguns absurdos, por exemplo, quando Halley entrou na vida de Lara apenas por ser pobre. Aliás, dinheiro que ela dizia detestar pq só trazia desgraças mas na verdade ela amava pela vida que ela levava, se não me engano o Gonçalo joga isso na cara dela em uma briga inclusive. Mesmo assim, quando descobriu que Halley era seu neto tentou ser amável e mesmo no roteiro tudo acontecendo muito rápido, bastou uma cena entre Glória e Cauã, onde eles lembram do Gonçalo, como eles são parecidos, etc. para demonstrar que dali surgiria afeto com um certo tempo. Extra pontos pros autores e atores.
3. Nessa reta final, Flora já louquíssima e megalomaníaca, vende a Fábrica e leva todos eles a falência. Lembra do dinheiro que falei que a Lara recebeu de herança na "morte" da Donatela? Pois é. Nesse momento crucial sumiu e eles tiveram que vender tudo, inclusive o rancho que a Flora fez questão de comprar usando um outro cara para isso. As cenas que ela decide voltar a ser cantora, ensaiando e cantando na festa de casamento com o Dodi são um deleite! Hilárias! Na época nem se chamava meme, mas muitos remixes foram feitos e esse daqui eu nunca esqueci:
Memes a parte, chegamos no momento do grande desfecho. E pra variar, Donatela, enfia os pés pelas mãos, e não só uma, mas duas vezes. Vendo que Flora está trilouca, Donatela tenta entrar na loucura dela e monta um encontro entre a Flora e a "morta" Donatela num teatro, uma cena muito bem dirigida, aliás, mas dá tudo errado e pior, Flora descobre que sua amada inimiga está viva. O que ela mesma diz, só que em outras palavras, é que isso te dá um gás a mais, monstrando mais ainda sua psicopatia. Flora descobre que Donatela está escondida na fazenda de Augusto César e numa sequencia de ação bem interessantes, mas com um final mais que tosco (eles pulando no rio a noite e só acordando no dia seguinte, sequinhos, de roupas passadas, cabelos arrumadinhos foi demais né?), Donatela, Zé e Shiva conseguem fugir dos capangas da Espoleta. Furos em obras abertas ou finais/encaminhamentos de histórias que deixam o espectador com um belo de um QUÊ QUE ACONTECEU aqui é um clássico. A essa altura, principalmente com esse núcleo principal, pessoalmente, liguei o foda-se, eles já tinham ganhando minha empatia, o resto, era o resto. Não satisfeita com a 1ª tentativa falha de pegar Flora, Donatela tenta de novo e pelo mesmo viés. Só que dessa vez de uma forma mais louca ainda. Aqui fica claro o quanto a relação dessas duas personagens é complexa: amor, ódio, tensão sexual, inveja, irmandade... tudo! Dessa vez a armadilha dá quase certo, Flora confessa seus crimes num palco de um "show" pra inúmeras pessoas. Todas essas cenas, assim como a do teatro, muito bem escritas, dirigidas e encenadas. Num final que considerei rápido, considerando o tamanho do desenvolvimento da história, Dodi acaba morto por Flora, Zé e Donatela se casam e tem uma surpresa na lua de mel: Flora no café da manhã, e fazendo alusão a abertura atira em Zé. Nessa cena todo o destaque vai para Mariana Ximenes que mandou muito bem no seu confronto final com a Flora. Flora vai pra cadeia e pelo seu rosto, vemos que andou apanhando bastante, uma nova detenta chega e ela se apresenta como Donatela. Poderiam ter dado mais tempo de tela pra Flora sofrendo na cadeia né? Acontece a resolução do triângulo Halley-Lara-Cassiano, chato pacas. como já falei e Zé e Donatela seguem vivendo suas vidas, dessa vez, ao que tudo indica "em paz". A cena final é um flashback das crianças Donatela e Flora cantando "Beijinho Doce", o início de tudo, quando elas nem imaginavam que fariam tanto mal uma para outra e que teriam uma trajetória tão intensa. Belo final. No balanço geral #AFavoritaNoGloboplay só deixa coisas boas. Aqui praticamente dissequei a novela, provavelmente esqueci algumas coisas, mas uma coisa é fato: noveleiro como eu sou, essa, sem sombra de dúvidas, está na minha lista de preferidas. Tá no Globoplay, é só se jogar! Solta a música de abertura DJ!
EXTRAS:
- "Favorita não é só Patrícia Pillar" por Mário Vianna para o Estadão
- "Quem será lembrado (ou não) por sua participação em 'A Favorita'" por Zean Bravo para O Globo
- "'A Favorita' termina com falhas no roteiro" por Alberto Pereira Jr. para Folhapress
- "Autor e diretor bancaram alto risco em 'A Favorita' dizem Patrícia Pillar e Cláudia Raia" por Cristina Padiglione para a Folha de S. Paulo (agora no relançamento da novela no Globoplay)