Personagens principais se tornam maiores que #KillingEve na 3ª temporada
Aconteceu! Depois de uma 1ª temporada brilhante e uma 2ª que apenas conseguiu manter o ritmo, #KillingEve perdeu o fôlego. Surgiu até uma abertura (só em dois episódios) e parece que, com a crise criativa dos roteiristas, os editores resolveram brincar com os letreiros que já viraram marca registrada da série. A 3ª temporada anda feito trem desgovernado, sem objetivo. A gente assiste e não sabe muito bem pra onde tudo aquilo está nos levando, porém (ufaa!), temos Eve e Villanelle. O que (no início) parecia ser um pano de fundo, a relação cheia de camadas das protagonistas, e que foi crescendo durante as duas primeiras temporadas, abocanhou toda a série sem dó nem piedade. Lá pelo 3º episódio só queria ver o que ia acontecer com as duas, quando elas iam se encontrar, cadê Villanelle? Cadê Eve? E a trama de espionagem, dos Doze e dos outros personagens pouco importava, queria elas!
SPOILERS A SEGUIR
A temporada começa com uma morte que parecia ser o início de uma história maior, talvez até A trama da temporada. Mas revelou-se uma morte gratuita, com uma explicação pífia e só fez com que perdêssemos um dos personagens mais carismáticos da série por nada. DEP Kenny. Carolyn e Konstantin ganharam mais espaço, mas nada de trama investigativa. Vida pessoal. A irmã do Kenny surgiu só pra mostrar como Carolyn é (mais) fria, não sabe expor seus sentimentos e, na verdade, uma mãe bem da escrota com a filha. Tudo bem, Geraldine era bem chatinha, mas mesmo assim... Ah! O que dizer da escuta que o Konstantin colocou na casa de Carolyn e depois esqueceram desse detalhe e no final deram uma justificativa sem pé nem cabeça? Difícil de defender. O maior marco de Konstantin durante a temporada foi levar vários sustos enquanto chegava em lugares escuros pra sinalizar que ele poderia ter um ataque cardíaco futuramente. Brincadeira. Também conhecemos um pouco melhor da sua filha Irina e, essa sim, pode nos render momentos interessantes no futuro. Queria destacar o talento da Fiona Shaw (Carolyn), que fez ótimas cenas, como a que está comendo sanduíches sozinha dentro do carro e chora, sem na verdade chorar, ou na cena que (finalmente!) fala umas verdades pra filha e pede pra ela sair de casa. Kim Bodnia têm total domínio de Konstantin passeando tranquilamente entre os momentos engraçados e os mais sérios. Sua risada única, com certeza, já virou uma marca do personagem. Sobre os personagens novos, além de Geraldine, e incluíndo Dasha, pra mim, surgiram pra cumprir tabela. Harriet Walter cumpre bem seu papel como a mentora de Villanelle, tem bons momentos, mas no geral... Bom, é isso.
Vamo falar de coisa boa? Vamo falar de Jodie Comer e Sandra Oh, que devem estar com dor nas cervicais por levar essa temporada nas costas? Se nas outras temporadas já esperávamos pelo encontro das duas, nessa, a espera parecia insuportável. E aconteceu apenas DUAS vezes. Depois dos acontecimentos do final da 2ª temporada, Eve entrou num momento sombrio mas a chama de vida foi logo reacesa ao descobrir que Villanelle estava na ativa novamente. Nico, coitado, o que mais se ferrou nessa temporada, foi parar numa clínica por stress pós traumático, fugiu da Eve e ela que foge do que sente usando ele foi atrás do bigodudo charmoso na Polônia! Ah! Como eu queria ter as milhas dos personagens dessa série! Enfim, Nico é empalado por Dasha, mas sobrevive e finalmente dá um passa fora na Eve e ela vai atrás da sua obsessão que tem por nome Villanelle. Sandra Oh mesmo tendo um pouquinho menos de destaque nessa temporada brilhou em todas as cenas que esteve. O timing dela pro drama e pra comédia e a rapidez com que consegue mudar de um para outro é absurdo! Gênia. Destaco a cena em que ela encontra Nico logo depois que foi atacado por Dasha, seu luto pela morte de Kenny, a cena com Dasha no jogo de boliche e claro, seus encontros com Villanelle. Pausa aqui. Preciso dizer o quanto acho maravilhoso o olhar da Sandra em toda cena com Jodie. É uma mistura de admiração, medo, parece que ela tá vendo um coisa horrorosa, mais ao mesmo tempo linda... Atrizona! Ok, Sandra arrasa mas esse encontro demorou pra acontecer e durou, sei lá, 3 minutos 👎🏻. Sem novidades, ambas foram indicadas ao Emmy de 2020.
Se Eve e Villanelle roubaram a série pra elas, nessa temporada Villanelle dominou a porra toda! O plot mais interessante da temporada ficou com ela e Jodie simplesmente arrasou! Villanelle passa por uma crise de consciência nessa temporada: uma serial killer que não quer mais ser mais serial killer. Cansou, quer viver só viajando e curtindo a vida. Quando é promovida e percebe que vai ter que continuar matando pessoas aí pronto, insatisfação total. Ela ainda tenta um plano de fuga com o Konstantin, que também não é desenvolvido direito, mas seria Villanelle capaz de ficar longe da sua obsessão que tem por nome Eve? O episódio que Villanelle volta pra sua casa para reencontrar a mãe, além daquele já conhecido blá blá blá de humanizar a personagem (e isso é real), é um deleite. Jodie domina todas as cenas. Outra coisa que também me chamou atenção nessa temporada é como Vilanelle ficou mais "louquinha" mas Jodie, com domínio total da sua personagem, não deixou com que esses momentos "cômicos" ficassem fora do lugar, não parecessem com a Villanelle que já conhecemos. Exemplo: Ela assustando as criancinhas na festa de aniversário e fazendo graça pro Konstantin no jogo da Irina.
Refletindo sobre essa temporada e como a relação Vilanelle-Eve é tão forte e como já falei (bastante) tomou conta da série, também me veio o questionamento do porque é tão interessante ver um relação, que, na verdade, é tão doentia. Seria eu e os milhões de fãs de #KillingEve sadomasoquistas? Rs. Não podemos romantizar essa relação e não, não acho que somos sadomasoquistas (Bem, não dá pra falar por todo mundo, mas enfim). Na verdade dou todo o crédito ao talento (já bastante falado aqui também) das atrizes e a química entre elas que faz com que a gente fique vidrado. Dito isso, chegamos a cena final que, além de linda, me fez pensar que a temporada toda valeu só por aquele momento. Elas se amam e se odeiam e são obcecadas uma pela outra. Mas até quando isso vai render e não vai se perder ou saturar? A 4ª temporada vem aí com uma nova showrunner (cada temporada teve uma diferente) e espero que ela tenha esse olhar. Gosto quando as coisas acabam ainda com vivacidade e não se arrastando só por outros infinitos motivos perdendo sua graça e essência inicial. Aguardemos.