Quase dois filmes em um #OCéuDaMeiaNoite é um amontoado de clichês que não dizem nada
No início de #OCéuDaMeiaNoite somos apresentados a um cientista e logo os letreiros se encarregam de nos situar em 2049, três semanas depois de um tal "ocorrido". Ao poucos vamos conhecendo um pouco mais sobre esse homem em flashbacks e logo ficamos intrigados com uma garotinha que ele "acha" por ali na estação abandonada onde ele preferiu ficar para aguardar a morte. De cara, já sacamos que aquela menininha é alguma figura importante, um espírito, um robô, não sei... mas apenas "uma garotinha que ficou pra trás" não cola em nenhum momento. O cientista então descobre que ainda existe uma nave com tripulantes em ativa no espaço e resolve avisá-los a não voltar pq a terra está inabitável. A partir desse ponto o filme é dividido em dois. "O último homem da terra" e sua companheira misteriosa e a nave com 5 tripulantes, ansiosos para voltarem para casa, mas que não sabem que a terra, como conheceram, não existe mais.
SPOILERS NAS PRÓXIMAS LINHAS
O filme até tem alguns momentos bons, como a cena da ervilha ou a cena em que a geleira derrete e o abrigo que Augustine (o cientista) e Iris (a pequena misteriosa) estavam dormindo começa a afundar, porém, tudo desanda quando a falta de habilidade do diretor para trabalhar com clichês batidíssimos e um roteiro forçado são expostos em momentos chaves de cenas importantes. Se como diretor George Clooney parece não saber que rumo tomar com o material que tem, como ator está muito mais interessante como o amargurado Augustine. Seus momentos sozinho ou com Iris (Caoilinn Springall, muito bonitinha) são, com certeza, o ponto alto do filme. Já o segundo filme dentro do filme, a parte dos astronautas, possui zero brilho, desperta zero interesse e é uma grande barriga, mesmo contando com um elenco muito competente como Felicity Jones, Kyle Chandler, Demián Bichir e David Oyelowo. Os flashbacks merecem ser lembrados pelo trabalho do ator Ethan Peck, que faz Clooney mais jovem e parece quase um imitador do protagonista de tão parecido. Fiquei inclusive desconfiado se alteraram sua voz na pós tamanha semelhança.
Os efeitos visuais também deixam a desejar como na cena do sonho da personagem da Felicity Jones, logo no início, quando mostram um planeta K-23 completamente bizarro. A cena da morte da personagem Maya (Tiffany Boone) é até visualmente bonita e trágica com as gotas de sangue pairando sem gravidade, porém, o roteiro constrói essa situação, desde a saída dos astronautas para consertarem o satélite, de uma forma tão piegas, tão batida, que quando chegamos no momento da morte o impacto é zero. E esse, talvez, seja o grande problema de #OCéuDaMeiaNoite: o roteiro. Não li o livro, não posso fazer uma comparação, porém, no filme é muita presunção pra pouco conteúdo e pouca habilidade na escrita. Alguém consegue me dizer, por exemplo, qual a necessidade de Augustine encontrar um homem quase morto (NO MEIO DO ÁRTICO, abandonado a não sei quanto tempo) apenas para que ele peça para o cientista acabar com seu sofrimento? Me recuso inclusive a falar sobre temperaturas baixíssimas e o fato do Augustine cair na água e sair completamente ileso. E se o elenco talentoso, como disse antes, não brilhou mais foi por pura falta de boas cenas no roteiro que dessem essa oportunidade.
Infelizmente poderíamos ter passado sem essa e #OCéuDaMeiaNoite será esquecido rapidamente.