Mesmo interessante, #LetThemAllTalk fala muito mas diz pouco
A idéia é interessante: não ter um roteiro propriamente dito, apenas indicações das cenas e como diz o título: deixar todos eles (os atores, no caso) falarem. Tendo no elenco principal atrizes que dispensam qualquer tipo de apresentação ou elogio mais delongado como Meryl Streep, Dianne Wiest e Candice Bergen, é claro que algo interessante sairia desse experimento do Steven Soderbergh. É extremamente curioso e divertido ver os atores improvisando em cena, como reagem as situações e como um vai responder a improvisação do outro. Nisso o filme acerta e muito, ele diverte. Tem um toque de Woody Allen, com muitas cenas faladas e um humor sutil. As atrizes principais valem qualquer ingresso, qualquer assinatura de streaming porque apresentam um trabalho expetacular. SPOILERS A PARTIR DAQUI! Se pegarmos, por exemplo, a cena onde o mais novato do elenco Lucas Hedges se declara para sua crush, conseguimos perceber sua clara e leve dificuldade em organizar as palavras e chegar ao ponto em que a cena pedia. Nada que prejudique o filme, mas a nível de comparação é legal de observar.
Soderbergh ficou com o elenco por apenas duas semanas naquele cruzeiro que vemos no filme para filmar aquela enorme quantidade de cenas, ele também assina a fotografia e a edição. Com esse tempo apertado, isso explica, por exemplo, a quantidade de planos repetidos no mesmo local, provavelmente pra ganhar tempo. Porém, esse também não é o problema do filme. O problema de #LetThemAllTalk está justamente no seu fato mais interessante: deixar os atores tão soltos. Dessa forma, o filme, como um todo, ficou raso, sem história substancial, sem o que dizer. É muito falatório pra pouquíssimo conteúdo que está principalmente, e quase apenas na storyline do personagem do Lucas Hedges (Tyler). A amizade entre as três protagonistas, o amor e ódio entre duas delas, o reencontro depois de tanto tempo e até como tudo isso impacta o Tyler e o que ele tira disso tudo poderia ser muito mais explorado. Não rolou.
Mesmo assim, #LetThemAllTalk vale a pena ser visto pela experiência, pelas atuações e pelo divertimento.
Aqui uma entrevista curta mas muito interessante com Meryl, Dianne e Candice: