#FramingBritneySpears, #SandyEJúniorAHistória e o cuidado com crianças/jovens no mercado do entretenimento
No mundo da cultura pop e do entretenimento as histórias da Britney Spears, do Michael Jackson, da Lindsay Lohan, da Beyoncé e, mais especificamente no Brasil, da Sandy e do Júnior são histórias bastante conhecidas e já renderam alguns bons documentários. O recente #SandyEJúniorAHistória do Globoplay é um deles e o mais recente ainda, produzido pelo The New York Times em parceria com o Hulu, sobre a Britney Spears nos fazem refletir sobre inúmeros assuntos, mas o mais importante e em comum entre todos ele é: como identificar que uma "estrela mirim" não precisa mais ser uma estrela, que sua carreira precisa ser interrompida, apesar dos enormes lucros que geram tanto para as famílias como para as empresas? Durante o documentário uma fala da cantora, ainda bem jovem e em início de carreira, me chamou a atenção, ela diz "eu gosto do que faço como diversão, talvez um dia faça em paralelo, mas me vejo casada e com filhos" ou algo assim. É mais interessante notar que o "surto" da Britney em 2007 estava ligado diretamente aos seus filhos e justamente porque ela não tinha mais os direitos sobre a própria vida, a tal tutela que hoje, ao poucos, ela consegue, com muito trabalho e ajuda do fãs e do #FreeBritney ir se livrando. É complexo.
Em #SandyEJúniorAHistória, os pais da dupla repetidas vezes falam que perguntavam pros filhos "vocês querem continuar? não acha que já tá bom?". No pesado Leaving Neverland, da HBO, além das denúncias de abuso sexual contra o Michael Jackson, também vimos que tanto ele quanto os irmãos, na época dos Jackson 5 apanhavam quando não queriam trabalhar (Não estou dizendo que uma coisa justifique a outra, calma, apenas trazendo uma info pra discussão). Beyoncé já declarou que seu pai a fazia correr enquanto fazia agudos para conseguir ter maior alcance vocal. As histórias são inúmeras e quanto mais pesquisamos mais cruel parece. O maior prejudicado? A criança, que na maioria das vezes, pula etapas, sofre traumas e, como vemos em #FramingBritney até o final dos anos 2010 tudo era seguido e acompanhado por paparazzi. Uma loucura. Como esquecer, por exemplo, a história da Princesa Diana? Em algumas cenas do filme a cantora não conseguia caminhar com tantas pessoas com câmeras ao seu redor. É assustador e de dar dó. Nessa época não se falava em saúde mental, mas como éramos idiotas né? Como não percebemos que aquilo tudo poderia estar ferindo uma pessoa pro resto da vida?
Mais um ponto em comum entre #FramingBritneySpears e #SandyEJúniorAHistória : o modo como as duas adolescentes eram tratadas pela mídia. Virgindade era uma pauta importantíssima, em determinado momento de #FramingBtitneySpears algum entrevistador pergunta a cantora "e os seus seios" ela ri sem graça. QUÊ? Como assim alguém pergunta num programa de televisão para uma adolescente sofre os seios dela? E o pior de tudo é que todos assistiam a tudo com enorme naturalidade. Num programa de rádio numa clássica conversa entre homens héteros "topzera" o radialista pergunta pro Justin Timberlake "mas fala, você fodeu ou não ela?", entre risos ele diz "ah tá bom vai, sim!". De novo: COMO? Como aceitávamos esses tipos de comportamento? O Júnior foi questionado sobre sua sexualidade inúmeros vezes e muitas vezes bem pesadas. No documentário ele diz como aquilo o fazia mal tendo apenas 17 anos. A boa notícia é que as coisas mudaram, devagar, mas mudaram. Mas é preciso tirar uma lição disso tudo para as novas gerações de "estrelas mirins": quando é a hora certa de parar? Coincidentemente ou não tanto a Bitney, tanto a Sandy e Júnior hoje vivem uma vida o mais low profile possível. Trabalhos? Pontuais. Mas aí vc me diz "claro, já estão cheio de dinheiro". Sim, concordo, e isso os dão esse enorme privilégio, mas aí te pergunto: não é uma forma, também, de se manterem afastados de uma coisa que os machucaram tanto? E os que não tiveram tanta "sorte"? Lindsay está afundada em dívidas tentando resgatar sua carreira até hoje. Whitney não resistiu a pressão. E o que dizer da Amy?
Fica a reflexão e indico este video: