Origem da vilã #Cruella é filme visualmente impecável mas com história questionável
Até pouco tempo atrás ao se falar em Cruella automaticamente vinha a imagem da Glenn Close no live-action de 1996 dos "101 Dálmatas", a atriz estava exageradamente perfeita e a fofura dada aos cães no filme marcou uma geração. Seguindo a saga com o objetivo de humanizar seus vilões a Disney lançou #Cruella e o lado bom é que conseguimos esquecer o filme com a Glenn Close de 1996, temos apenas pequenas lembranças da animação original e somos apresentados a um produto completamente novo. O filme é um evento visual lindo que tem como destaque seus figurinos, maquiagens, cabelos, arte e a pegada pop, mesmo óbvia, nas músicas escolhidas para as cenas do filme dá um toque todo especial para a coisa toda. Emma Stone consegue construir sua Cruella muito bem, apesar de na primeira parte exagerar nos trejeitos cômicos, e no final temos sim uma nova imagem da Cruella. O lado ruim fica por conta da estranheza que a condução da história gera. Seria o "lado mal" mais divertido, glamouroso, poderoso e rico do que o "lado bom"?
** SPOILERS A PARTIR DAQUI **
O diretor Craig Gillespie tem em seu currículo bons títulos como "Eu, Tonya" e a série "United States Of Tara", em #Cruella foi perspicaz ao perceber o quanto a questão "moda" era importante na história e investiu nesse lado. Ponto para a figurinista vencedora de dois Oscars Jenny Beavan que fez um trabalho extraordinário e que saltam aos olhos. Porém Gillespie erra fortemente ao passar uma mensagem extremamente confusa sobre o que é bom e o que é ruim. Estela, o "lado bom" da Cruella é sempre minimizada e colocada em situações complicadas. Já a partir do momento que Cruella começa a surgir, sua auto-estima melhora mesmo que por outro lado comece a maltratar seus amigos, suas roupas melhoram mesmo continuando pobre e por aí vai... Claro que existem momentos pontuais e explicativos para dizer que a Cruella não é apenas má, como por exemplo, quando ela diz a Jasper e Horácio que eles são sua família ou mesmo a relação que ela cria com Artie e sua cumplicidade momentânea com John, o mordomo. Mas o que fica mais forte, e a cena em que Cruella conta para a "mãe" que descobriu que a Baronesa é sua mãe biológica e que ela nunca foi a doce Estela e sim a Cruella, nascida má, brilhante e levemente louca é o exemplo perfeito disso. Emma Stone, aliás, irretocável nessa cena. A sensação ao fim do filme é bem estranha. Cruella venceu o mal (a Baronesa) e sua psicopatia aflorou de vez? Mas não era pra mostrar o lado humano/bom dela? E a cena pós crédito? Vai haver uma redenção da vilã no segundo filme que já foi confirmado pela Disney? Aguardemos. Talvez essa questão bem/mal, vilão não maniqueísta tenha sido melhor tratada em #Malévola. Mas isso é apenas uma provocação.
Emma Thompson fez uma performance interessantíssima como a vilã Baronesa. Falava as palavras uma por uma uma e brincava com o seu sotaque inglês. Parecia estar se divertindo horrores em cena e isso transpareceu na tela. A cena em que ela confronta a Cruella no restaurante é pura diversão. Um primor. A dupla Jasper e Horácio, respectivamente, Joel Fry e Paul Walter Hauser estão ótimos como o "bote salva vidas" da Cruella e com doses certas de humor e amor. John McCrea e Mark Strong, com menos tempo de tela, comprovam como bons atores em pequenos papéis são importantes para deixar uma história mais consistente. E além dos figurinos, cabelos, maquiagem e arte em geral que já falei, o filme possui um dobradinha entre fotografia e efeitos visuais que é simplesmente arrasadora. O "plano sequência" quando a Cruella vai a loja da Baronesa pela primeira vez é um exemplo ou mesmo as cenas envolvendo os animais. Fica muito difícil notar até que ponto é o cachorro real e aonde começaram os efeitos visuais. Coisa profi$$ional!
E essa entrevista super divertidas que as protagonistas Emmas deram para o IMDb: