"Night Stalker: tortura e terror" causa incômodo com tamanha monstruosidade de assassino em série
É preciso estar com o estômago forte e a cabeça tranquila para assistir #NightStalkerTorturaETerror, série documental da Netflix que tem quatro episódios e segue a moda de documentários sobre crimes reais que tem rendido um bom burburinho pra todos os streamings desde #MakingAMurderer e #TheJinx, citando apenas dois exemplos.
A crueza ao retratar os crimes feitos pelo famoso assassino em série Richard Ramirez na década de 80 é eficaz para mostrar o monstro que esse homem foi, o quão cruéis foram seus crimes e como isso abalou não "só" as pessoas próximas das vítimas mas também os investigadores, repórteres, a população naquela época e o mais impressionante: ainda choca e assusta a quem apenas vê os relatos no documentário hoje em dia, anos depois. Eu confesso que em alguns momentos não conseguia olhar para a tela quando a edição insistia em mostrar em close os olhos, rosto ou dentes do Richard Ramirez. A sensação de incômodo foi atingida com sucesso. Também pensei em como corajosos e loucos são o Ryan Murphy e sua trupe de roteiristas que já trouxeram Richard Ramirez "de volta" em #AmericanHorrorStory por pelo menos duas vezes.
O trabalho de edição e pós é incrível, principalmente da segunda ao recriar as cenas dos crimes de forma muito real e numa qualidade técnica impressionante. E mesmo se tratando de histórias que realmente aconteceram, a série optou por ter cenas encenadas para enfatizar seus pontos de vista. Nada que eu acredite que prejudique a realidade dos fatos mostrados, apenas uma ferramenta para ajudar na construção da “história” da série. Sim, a série opta por uma história e os fatos reais vão perpassando essa história. É aí que entram os investigadores Gil Carrilo e Frank Salermo. Com tanta violência, obscurantismo e sangue, eles trazem o lado mais "leve" do documentário. E essa foi a boa sacada dos diretores James Carroll e Tiller Russell: mostrar "não apenas" como as pessoas ligadas as vítimas sofreram/sofrem mas principalmente como esses dois caras que tiveram que ficar meses e meses mergulhados nesse caso, vendo e revendo fotos, lendo e relendo depoimentos foram abalados. Daí surgem menções a possíveis abuso de álcool e como, por exemplo, a família de Gil Carrilo foi completamente abalada.
A trilha sonora também merece ser lembrada.
É um documentário extremamente interessante mas completamente não indicado para quem foge de histórias e imagens fortes.